quarta-feira, 25 de julho de 2018

Fazendo as vezes – Parte II

O namoro do meu enteado com Simone estava num ritmo mais intenso depois da noite que passamos no hotel. Ela se mostrava cada vez mais próxima da família, ela e sua mãe ficaram muito amigas da minha mulher enquanto me aproximei mais de seu pai e seu irmão, passamos a compartilhar tardes de domingo ou coisa parecida.

Simone disfarçava bem e mantinha aquele carinho especial, não mantinha aquela fixação nem se distanciava, coisas que levantariam suspeita. As manhãs de sábado eram religiosamente gastas no comércio da cidade em que ela morava, passava garimpando coisas no comércio para um pequeno negócio no qual tinha um ganho extra, vendia acessórios voltados ao motociclismo e lá eu comprava algumas coisas para revender.

Se a mente vazia é oficina do Tinhoso, o que dizer de uma mente tentada por ele? Meus principais fornecedores eram de fora do país ou de outras regiões, logo pensei comigo: vou trocar o sistema de entregas pelo correio por uma transportadora, chega mais rápido e é mais barato. Mas o motivo real não era esse, era porque eu teria mais uma tratativa lá nessa cidade, já que o terminal de cargas de muitas transportadoras é lá, e o custo do deslocamento compensava em relação ao tempo de espera. Isto posto, os encontros ela comunicou a Rafael que iria vê-lo nos sábados à noite e retornaria para casa no final da tarde de domingo.

Fazendo as vezes

A vida em sociedade requer que deixemos certas convicções de lado e passemos a falar em nome do bem comum. Eu estava casado com uma mulher maravilhosamente linda e que dispensa descrições, basta dizer que muitos tentaram conquistá-la, e todos ainda a olham quando ela passa. Quando nos casamos ela tinha dois filhos, Rafael e Pedro. Pedro na ocasião tinha 12 anos e muito apegado ao pai foi de início um empecilho à relação, mas foi facilmente contornado. Já Rafael, tinha 18, rapaz até apresentável, mas parecia ter os mesmos 12 que o irmão.

Algo me chamou a atenção no comportamento do mais velho, tinha amizade com muitas meninas, mas nunca uma namorada, eu brincava com isso, dizendo que no lugar dele eu já teria passado mais da metade, até cogitei ceder o carro ou a moto para ele sair com alguma, mas nada, ele ria e desconversava, permanecia compenetrado nos estudos, e nada de namorar. Cá com meus botões pensava: Treinou para ser zagueiro mas virou bailarina.